Em italiano “pelagra” significa “pele grossa”. Esta moléstia, porém, provoca muito mais do que isso. Por fim leva à insanidade e à morte. Como não raro se dá na história das vitaminas, muitos pioneiros, de per si, ligaram a doença à nutrição. No entanto, mesmo em meados de 1880, desde que se descobriu a pelagra principalmente entre a população pobre das zonas rurais que comiam, mormente milho, teorias populares a atribuíam ao “veneno do milho” e à “infecção”.
Em 1915, mais de 10.000 pessoas morreram de pelagra apenas nos Estados Unidos. Com sua rápida disseminação, o Departamento de Saúde Pública dos Estados Unidos enviou o Dr. Joseph Goldberger bem para o sul, onde esta praga tinha atingido proporções epidêmicas.
O que Goldberger encontrou foi estarrecedor — as vítimas eram apáticas, abatidas, cobertas de manchas. Em vista da pouca higiene entre muitos, proliferando as moscas por toda a parte, ele podia facilmente ter despercebido qual era a causa real. Mas, Goldberger suspeitava que a resposta estivesse na dieta deficiente. Tinha observado que, nos asilos estaduais, os pacientes contraíam pelagra, mas a equipe hospitalar não. Por quê? Havia freqüente contato entre os dois grupos. Mas, a equipe ingeria leite, carne e ovos, ao passo que os pacientes comiam principalmente cereais.
Todavia, até mesmo enquanto os jornais publicavam resultados de seus estudos quanto à necessidade de proteínas, uma comissão publicava o conceito de que a pelagra era doença infecciosa causada pela picada da mosca-picadora! Goldberger ficou horrorizado. Cria firmemente que até que se reconhecesse que a nutrição era a causa, as pessoas continuariam a morrer aos milhares. Que faria para provar que a causa não era a infecção?
Ele anunciou que, sob supervisão médica, ele e quinze outros voluntários se ‘infeccionariam’ por receber em seu corpo o muco de vítimas da pelagra. Para grande surpresa de muitos, nenhum dos voluntários contraiu a pelagra. Daquele tempo em diante, foram aceitas as conclusões de Goldberger de que uma dieta consistente, na maior parte, de farinha de milho, arroz e gordura de porco leva à pelagra.
Todavia, Goldberger jamais encontrou a substância exata que impedia a doença que combatia. Vez após vez, ela lhe escapou. Podemos reconhecer suas dificuldades quando avaliamos que a vitamina B é realmente uma família de substâncias complexas, que não são facilmente separadas umas das outras. Não foi senão em 1937 que outro pesquisadora, o Dr. Conrad Elvehjem, trabalhando com concentrados de fígado, isolou o ácido nicotínico, melhor conhecido como niacina.
Atualmente, a niacina é considerada “essencial à dieta”. Sem a niacina, as outras vitaminas B não podem operar corretamente no corpo. E, o complexo ou família da vitamina B ainda se acha sob intensas investigações, havendo sido reconhecidos, presentemente, cerca de quinze membros distintos. Concorda-se, em geral que, ao impedirem a pelagra, trabalham melhor como “equipe”.
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